Estella Branco | Estudante de Direito | UNISO
A democracia brasileira enfrenta instabilidade desde sua frágil reconquista após o regime militar de 1964, que perdurou por 21 anos, se encerrando em 1985. É visível na população a vulnerabilidade, passada de pai para filho, que restou após o período de divisão vivido desde aquela época, que definiu como seria a política do país.
A ditadura militar imposta por uma direita extrema, e combatida por uma esquerda que tornou-se quase tão extrema quanto, gerou uma batalha que continuou na política após a instauração do regime democrático, inspirando uma ruptura cultural e social que levaria a anos de divisão popular, tal qual uma versão não formal do sistema político bipartidário dos Estados Unidos.
As semelhanças não param no sistema político, visto que a maior potência econômica mundial também elegeu um candidato controverso de extrema direita em 2016, Donald Trump, que causou danos a imagem pública do país como um todo, da mesma forma que Bolsonaro fez com o Brasil.
Contudo, em um país com os fatores sociais e econômicos já abalados como o Brasil, as consequências de um governo extremista que não respeita os princípios básicos da democracia são ainda mais severas, gerando uma mentalidade de rebanho perigosa para a população, que se torna incapaz de discernir os dados gritantes que demonstram o descaso de seu próprio governo.
Além disso, o incentivo ao armamento, e o aumento da violência e da fome são características marcantes do governo Bolsonaro, que como um país de terceiro mundo, desvalorizava a educação, a ciência e a saúde, com 695 mil mortes causadas pela COVID-19 no Brasil.
Os dados, a população dividida indo as ruas, o comportamento do então presidente da república perante crises internas e externas, geraram uma imagem internacional do Brasil de um país em caos, sem rumo político nem salvação.
Enquanto isso, Bolsonaro tomava cada vez mais atitudes questionáveis que obrigavam o poder judiciário a intervir em suas ações frequentemente, causando desequilíbrio no sistema dos três poderes brasileiros, que deveria funcionar através de contrabalancear uns aos outros.
A gota da água veio no formato de dezenas de manifestações que afetaram o direito de ir e vir da população geral, e causaram caos nas principais avenidas, estradas e rodovias do país, com o intuito de derrubar o resultado legítimo de eleições puramente democráticas, demonstrando assim o descaso da ideologia bolsonarista com o direito do povo de eleger seus representantes. Como atitude final, Bolsonaro optou por não entregar a faixa presidencial, rito comum das eleições brasileiras, ao novo presidente da república: Luis Inácio Lula da Silva.
Após uma ditadura militar, vários escândalos de corrupção governamental, um impeachment visto por muitos como golpe de estado, e um presidente que permaneceu inerte perante o declínio do país, o que poderia colocar o Brasil de volta nos trilhos?
A população chegou a conclusão de que a solução para o antidemocratismo de Bolsonaro e seus seguidores da direita extrema é a volta de Lula e o Partido dos Trabalhadores, talvez os únicos com força o suficiente para vencer o furacão que Jair Messias Bolsonaro fez passar pelo país.
Porém mesmo após a reeleição de Lula, bolsonaristas seguiram protestando em frente a quartéis pedindo por uma intervenção militar, tentando anular os resultados daquilo que a constituição brasileira garante: Uma democracia.